Arrecadação em queda é pior do que parece.
A Folha registra e a economista Laura Carvalho chama a atenção, em seu Facebook, para o fato de que “a queda na arrecadação federal em 2016 teria sido de 5,95%” caso sejam descontadas as receitas extraordinárias obtidas com a repatriação de capitais no exterior”, (entre eles, aliás, as simpáticas barrinhas de outro de dupla Sérgio Cabral-Eike Batista). E, assim, ainda maior do que a queda de 5,6% em 2015.
Esta é a comparação que deve ser feita se quisermos considerar a arrecadação de tributos como indicador da atividade econômica.
Porque repatriação de recursos não apenas não se repete como não é produzida por fatos econômicos relativos à produção, ao crédito ou ao consumo.
A rigor, dois outros pequenos ajustes se deveria fazer: os R$ 14 bilhões de desonerações tributárias a menos deste ano em relação a 2015 e as receitas extraordinárias de daquele ano, mas como uma compensa a outra em valor, não é relevante.
A questão é: as quedas menores na comparação ano a ano estão indicando melhoria arrecadatória que indique aquecimento da economia?
A resposta, infelizmente, é não.
As quedas são menores porque usam como comparação a base do período em que desabou o plano (plano?) Levy e porque o fator de correção inflacionária da receita passada ser mais baixo, algo em torno de 2%.
O fato objetivo é que estamos estagnados – hoje o SPC indica uma queda na demanda por crédito de 11,6% em dezembro sobre novembro – e o que poucos alertam: em patamares extremamente instáveis em indicadores como bolsa e câmbio, ambos extremamente sobrevalorizados.
Reproduzo, lá em cima, o gráfico comparativo de câmbio (versus dólar) do Euro (azul), do Yuan chinês, do Peso argentino (vermelho) e do Real (laranja). É óbvio que o fortalecimento em 23% do Real em um ano frente ao dólar não vem de nossa saúde econômica e que nosso saldo comercial recorde se deve a uma brutal queda das importação (-20% em 2016) provocada pela retração interna.
Isso não é fundamento econômico sólido em parte alguma do universo.
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