por Maria José Trindade
Quero minhas bandeiras de volta!
Sinto-me desconfortável quando percebo que o discurso anticorrupção e antiviolência migrou para bocas conservadoras. Apropriaram-se do discurso democrático que, tradicionalmente, esteve vinculado aos segmentos progressistas, comprometidos com avanços sociais.
Desafio qualquer pessoa a encontrar quem seja a favor da corrupção e da violência. Evidentemente, não me refiro à direita descartável, não notável, como shererazades, mainardis, constantinos e bolsonaros. Falo de gente que pensa com seriedade.
Como é que se passa de uma revolta política, que tem seus aspectos legítimos, para uma política fascistóide de ódio que transcende o que se pode chamar de legítimo? A resposta aponta para o fato de que é preciso explicitar este conflito e devolvê-lo à sua origem. Precisamos desmascará-lo no que tem de retrógado e incoerente.
Como alguém que se diz contra a corrupção ousa defender privilégios? Como combinar discurso antiviolência com voto a favor da redução da maioridade penal, da revogação da lei do desarmamento ou da volta da ditadura militar? Esta é a contradição. Embora não nomeada, oculta-se na prática social dessas pessoas. Aí é que reside o verdadeiro conflito. Precisamos denunciá-lo.
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