O Ministro das Relações Exteriores da China Wang Yi pediu para que os países recuem “um passo para trás” para evitarem guerra na região; entenda
A China fez um pedido urgente nesta sexta-feira (14) para que os Estados Unidos e a Coreia do Norte recuem “um passo para trás” do potencial conflito catastrófico entre os países depois que Pyongyang alertou que “não ficaria de braços cruzados” no caso de um ataque norte-americano. Já Washington, por sua vez, ameaçou atacar o país norte-coreano no caso de um teste nuclear ser realizado neste sábado (15).
Em um discurso em Pequim nesta sexta, o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, afirmou que a região “enfrenta uma situação precária” em que “existe um sentimento de que um conflito pode explodir a qualquer momento”.
A autoridade chinesa falou com jornalistas na véspera do feriado mais importante da Coreia do Norte, chamado “Dia do Sol”, que é o aniversário do fundador do país e avô de Kim Jong-un, Kim Il-sung. “Nós pedimos para que todas as partes se abstenham de se provocar e de se ameaçar mutuamente, seja com palavras ou com ações, para que não cheguemos a um estágio irreversível e incontrolável”, afirmou Wang, segundo divulgou a agências de notícias “Xinhua”.
“Se uma guerra acontece, o resultado é um quadro em que todo mundo perde e não existe um vencedor. Não é aquele que defende uma retórica mais severa ou levanta um punho maior que vencerá”, completou.
Entenda a crise
O aumento de tensões entre os países acontece na véspera da chegada do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, na Coreia do Sul, neste domingo. Ele também visitará o Japão, outro aliado-chave de Washington na região, no início da próxima semana.
Especialistas acreditam que Pyongyang está se preparando para desafiar o governo norte-americano com o teste nuclear, que seria realizado neste sábado, 15 de abril, feriado muito importante no país. Dezenas de repórteres escaladas para cobrir as celebrações do 105º aniversário de Kim, mas não terão acesso às áreas militares.
O vice-chanceler norte-coreano, Han Song-ryol, afirmou que não manteria “seus braços cruzados” caso os Estados Unidos atacassem o país, e que um teste nuclear poderia ser conduzido quando fosse necessário.
Han falou com a agência de notícias “Associated Press”, em uma entrevista na capital norte-coreana, que as mensagens agressivas feitas por Trump em seu Twitter, alertando que o regime de Kim Jong-un estaria “causando problemas”, teriam aumentado a crise na península, inserida em um círculo vicioso.
Um professor universitário chinês escreveu um artigo recente em que alerta o risco de Donald Trump permitir um ataque semelhante ao realizado na Síria na semana passada, afirmando que a Coreia do Norte “não é a Síria. E que pode ter a habilidade de atacar a Coreia do Sul e o Japão com armas nucleares”.
“Se os Estados Unidos fizerem um ataque preventivo ao país norte-coreano, Pyongyang atacará a Coreia do Sul, Japão e as forças dos EUA estacionadas nos dois países”, alertou Li Jiacheng . “Além do mais, a guerra não será um bombardeio, mas algo prolongado, que exigirá muita energia dos países envolvidos”.
Ainda segundo o estudioso, a possibilidade de haver um conflito assim na região, com os EUA iniciando uma guerra, ainda é baixa, porém, pontua para a questão da imprevisibilidade de Trump, que dificulta as previsões políticas.
Nesta quinta-feira, Trump, que havia previamente acusado Pequim de falhar no controle da Coreia do Norte, seu aliado, afirmou que acredita que a China estava se preparando para agir. “Eu tenho grande confiança de que a China irá lidar de forma adequada com a Coreia do Norte. Se eles não forem, os Estados Unidos, com seus aliados, serão”, escreveu o mandatário norte-americano no Twitter.