Lula: todos os delatores estão fumando charuto e rindo da nossa cara
Em discurso para uma plateia de estudantes e professores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o ex-presidente Lula disse que Moro “tem que saber se alguém brigou no País contra a corrupção foi o PT” e criticou benefícios concedidos a delatores da Lava Jato. “Todos que prestaram delação estão fumando charuto e rindo da nossa cara, quem está fodido é o trabalhador“, disse o ex-presidente.
“Constroem a sociedade entorpecida, anestesiada, e colocam a culpa de toda a desgraça em alguém. Estão jogando a culpa da miséria do País na Previdência Social”, disse Lula. Ele afirmou também que o presidente Michel Temer “não é um presidente, é um instrumento do poder financeiro brasileiro”.
8 de Dezembro de 2017 às 15:25
247 – No último dia de sua caravana pelo estado do Rio de Janeiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desferiu duras críticas contra o juiz federal Sérgio Moro. Em discurso na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, no campus de Nova Iguaçu, Lula disse que Moro “tem que saber se alguém brigou no País contra a corrupção foi o PT”.
Lula também criticou os benefícios concedidos a delatores da Lava Jato. “Todos que prestaram delação estão fumando charuto e rindo da nossa cara, quem está fodido é o trabalhador”, disse o ex-presidente. “Constroem a sociedade entorpecida, anestesiada, e colocam a culpa de toda a desgraça em alguém. Estão jogando a culpa da miséria do País na Previdência Social”, disse Lula. Ele afirmou também que o presidente Michel Temer “não é um presidente, é um instrumento do poder financeiro brasileiro”.
“Moro viu que o apartamento não era meu, que não teve dinheiro da Petrobrás, mas mesmo assim me condenou. Até testemunha de acusação, o Leo Pinheiro da OAS, o máximo que ele falou era que o Lula sabia, mas na audiência anterior falou que não sabia”, disse. “Desafio alguém a dizer que pedi ou alguém me deu R$ 5. Eu vim de baixo, sei o que é ser pobre”, afirmou.
O ex-presidente, que lidera todas as pesquisas de intenções de voto e pode vencer as eleições até mesmo no primeiro turno, criticou também a entrega do pré-sal brasileiro pelo governo de Michel Temer. “Nós estamos vendendo óleo cru e comprando gasolina refinada dos EUA, é o complexo de vira-lata. Ou assumimos o Brasil ou vamos voltar a ser colônia”, declarou. “Aqui sempre prevaleceu o complexo de vira-lata. O Brasil passou a ser colonizado pelo complexo de vira-lata, tudo que é de fora é melhor do que o da gente“, completou.
Assista ao discurso do ex-presidente Lula em Nova Iguaçu:
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Belluzzo: Temer e Lava Jato destroem coordenação da economia do país
O economista Luiz Gonzaga Belluzzo diz que a política econômica de Michel Temer aliada aos estragos provocados pela operação Lava Jato estão destruindo todos os espaços de coordenação da economia brasileira construídos ao longo de 50 anos; “Mesmo os governos militares não abandonaram isso, continuaram preservando as estruturas de coordenação: a relação entre empresa estatal e privada, Tesouro, bancos etc.”, diz Belluzzo à RBA.
8 de Dezembro de 2017 às 10:00
Eduardo Maretti, da RBA – Em seminário do qual participou em dezembro de 2014, nove meses depois de deflagrada a operação Lava Jato, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo alertou: “Estou observando uma tendência na sociedade brasileira de achar que não tem importância destruir a Petrobras e as empreiteiras“. Na ocasião, disse que era preciso combater a corrupção, mas ao mesmo tempo preservar a estatal e as grandes construtoras, “responsáveis por uma parcela muito importante do investimento no país”. O economista recomendava “substituir a direção das empresas e preservá-las”.
Três anos depois, a avaliação de Belluzzo se confirma, com o país em recessão e a Petrobras sofrendo uma perversa política de desinvestimento, a indústria naval em rápida decadência e os empregos do setor de óleo e gás em depressão profunda.
A constatação do economista, hoje, não poderia ser outra. “Eles estão destruindo não só o setor, estão destruindo todos os espaços de coordenação da economia brasileira, que foram sendo construídos ao longo de 50 anos. Mesmo os governos militares não abandonaram isso, continuaram preservando as estruturas de coordenação: a relação entre empresa estatal e privada, Tesouro, bancos etc.”, diz Belluzzo à RBA. “Essa é a maior forma de organização da economia capitalista, que na sua forma mais avançada são os chineses que estão fazendo. E nós estamos desfazendo.”
Graves crises em potências mundiais, como na nação mais poderosa do planeta, ou problemas de corrupção em empresas multinacionais gigantes, mostram como países resolvem ou tentam resolver seus problemas internos, mas preservam sua própria economia, seus interesses e seu povo.
“Vamos pegar os Estados Unidos, por exemplo. Eles puniram os caras que praticaram infrações penais. Mas destruíram algum banco que produziu a crise do subprime?”, lembra, em referência à crise do setor financeiro de 2007-2008, decorrente dos empréstimos hipotecários norte-americanos de alto risco. “Isso é tão óbvio no mundo inteiro que eu fico espantado que a gente tenha que falar isso.”
Outro exemplo, também mencionado pelo coordenador da Frente Única dos Petroleiros, José Maria Rangel, é a gigante coreana Samsung, cujo herdeiro e vice-presidente, Lee Jae-yong, foi condenado e preso por corrupção pela Justiça da Coreia do Sul.
“Está preso. E eles destruíram a Samsung? Não”, afirma Belluzzo. Em sua opinião, promotores, juízes e membros do sistema judiciário brasileiro, de modo geral, não conseguem entender um aspecto crucial e básico: “Na verdade, a empresa é uma instituição social, e aqui eles – desatinadamente – quase que praticamente destruíram um setor, o setor de óleo e gás, onde se tinha muitos investimentos a se fazer.”
Uma das questões que se relacionam com essa incapacidade de compreensão é “a visão parcial” de promotores e juízes que comandaram o processo da Lava Jato. “Eles não são capazes de avaliar, porque não têm formação para isso, o que é um defeito da especialização. Não estou dizendo que estão fazendo de propósito, mas não sabem o que estão fazendo.“
O economista não se mostra adepto de teorias da conspiração segundo as quais as ofensivas contra a Petrobras e as empreiteiras fazem parte de uma estratégia deliberada. “O pessoal diz que estavam fazendo um serviço para as empresas estrangeiras ocuparem o mercado. Mas eles não precisavam estar a serviço de ninguém, estavam fazendo o serviço por conta própria, por causa das limitações deles. Não têm nenhuma noção. Isso é uma coisa típica de um país que tem mecanismos de controle e avaliação muito precários”, avalia.
E depois de tudo, “o governo entrou na conversa da privatização da Petrobras. Prosseguiram no caminho equivocado”.
Seja como for, o serviço de juízes, promotores e do sistema de Justiça contou certamente com a providencial colaboração da mídia nativa. “Claro que teve o papel da imprensa também, muito negativo. Ela não esclareceu a população sobre nada e continua não esclarecendo. Então eles foram em frente e causaram um enorme prejuízo ao país, e ajudaram na recessão.”