Lava Jato denuncia Duran pela 2ª vez, no dia em que ele fez mais revelações
Jornal GGN – A Lava Jato de Curitiba tirou do bolso uma segunda denúncia contra o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran. O pedido para instaurar a ação penal foi entregue a Sergio Moro na tarde de sexta-feira (15) e noticiado pelo Estadão – jornal porta-voz da operação – por volta das 19h. Horas antes, o GGN divulgou que Tacla Duran fez pelo menos duas revelações aos advogados de Lula.
Duran contou a Cristiano Zanin, no último dia 12, por meio de videoconferência, que uma nova perícia, concluída nesta semana, evidencia que documentos do Meinl Bank foram manipulados durante a Lava Jato, ou seja, o sistema está sob suspeita de fraude, assim como as provas retiradas dele pelos procuradores. À CPI da JBS, Duran já havia sinalizado – e confirmou novamente a Zanin – que o sistema Drousys também apresenta sinais de obstrução.
Além disso, Duran se colocou à disposição da defesa de Lula para servir como testemunha na ação penal em que o ex-presidente é acusado de receber vantagens indevidas da Odebrecht. Ele também prometeu entregar aos advogados de Lula uma série de documentos que devem ajudar a desmontar a acusação da força-tarefa.
Na mesma conversa, Duran também revelou que no último dia 4, os procuradores de Curitiba, incluindo Roberson Pozzobon, deveriam ter ido à Espanha colher seu depoimento para o processo no qual ele responde por lavagem de dinheiro. Mas a turma liderada por Deltan Dallagnol simplesmente não compareceu à audiência.
Pozzobon é citado por Duran no escândalo que atingiu o amigo pessoal de Sergio Moro, Carlos Zucolotto. Ele é acusado pelo ex-advogado da Odebrecht de cobrar propina para “melhorar” o acordo de delação premiada que estava sendo negociado com os procuradores de Curitiba. Após o pedido para receber 5 milhões de dólares “por fora”, Duran recebeu uma minuta do acordo de delação por e-mail, com cópia para Pozzobon, exatamente nos termos prometido por Zucolotto.
A SEGUNDA DENÚNCIA
Nesta segunda denúncia [em anexo], com cerca de 50 páginas, os procuradores de Curitiba acusam Duran de lavagem de dinheiro a partir de desvios praticados na Petrobras.
Segundo a Folha deste sábado (16), a denúncia diz que o “ex-gerente da estatal Simão Tuma recebeu vantagens indevidas para viabilizar a contratação pela Petrobras do consórcio Pipe Rack, formado pela Odebrecht, Mendes Júnior e UTC Engenharia, para a realização de obras no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).”
“Tuma teria repassado ao consórcio informações sigilosas durante a fase licitatória e atuado para que o Pipe Rack fosse classificado em primeiro lugar na licitação, fechando contrato no valor inicial de R$ 1,87 bilhões. Em troca, teria recebido R$ 18 milhões, ou cerca de 1% do montante.”
O papel de Duran teria sido o de lavar o dinheiro por meio de seu escritório de advocacia. O Ministério Público afirma que ele “firmava contratos fictícios com as empreiteiras contratadas pela Petrobras, possibilitando a entrega de dinheiro em espécie via ‘caixa 2’.”
O ex-advogado da Odebrecht é acusado de emitir notas falsas no valor bruto de R$ 25,5 milhões. “Foram identificadas, segundo o Ministério Público, 35 operações de crédito/depósitos fracionados de Durán para Tuma, no valor total de R$ 294.200.”
Tacla Duran vive na Espanha e é considerado foragido por Moro.
O juiz já negou 3 vezes à defesa de Lula a convocação de Duran como testemunha para desacreditar os documentos entregues pela Odebrecht para corroborar as delações. Foi Duran quem também apontou que tanto o Meinl Bank como o Drousys possuem sistemas controlados pela empreiteira.
A defesa de Lula recorreu ao TRF4, também no dia 15, para que Moro seja obrigado a ouvir Duran.
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Moro admite que recebeu diária da Petrobras para participar de evento, ferindo o Código da Magistratura
Por Kiko Nogueira
No Diário do Centro do Mundo