Jessé Souza explica como a classe média foi enganada no golpe das elites
Autor de “A elite do atraso”, livro mais importante de 2017, o intelectual Jessé Souza explica como a classe média brasileira foi manipulada pela imprensa e levada a apoiar um golpe contra a democracia brasileira, que só interessa aos mais ricos.
“A classe média foi massa de manobra dado que não havia, exceto para as capas superiores da classe média associadas ao pacto rentista, nenhum motivo racional para isso”, diz ele; “A classe média não ganhou nada e só vai perder com o golpe“; a única justificativa – ainda que irracional – para o apoio da classe média ao golpe é o ódio aos pobres, que vem desde a escravidão.
26 de Dezembro de 2017 às 11:02
247 – Por que segmentos da classe média brasileira apoiaram um golpe contra a democracia, que já retirou garantias trabalhistas, fez do Brasil uma república bananeira e ameaça as suas aposentadorias? A melhor resposta para esta intrigante questão está no livro “A elite do atraso – da escravidão à Lava Jato”, escrito pelo sociólogo Jessé Souza, ex-presidente do Ipea.
Reproduzimos, abaixo, um trecho do livro:
Como esse golpe foi reacionário, ou seja, uma reação de cima à pequena ascensão social de setores populares, o decisivo é compreender a ação das classes do privilégio: a elite do dinheiro e a classe média e suas frações.
(…)
O golpe de 2016, como aliás todos os outros, foi gestado e posto em prática pela elite do dinheiro e cabe analisar e perceber seus motivos e compreender a ação de seu “partido político” específico: a grande imprensa.
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A “política do golpe” foi midiaticamente produzida e os partidos só tiveram que ratificar os consensos sociais produzidos midiaticamente. Por conta disso, chamar o golpe de “parlamentar”é se prender às aparências e esquecer o principal.
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Digo que a classe média foi massa de manobra dado que não havia, exceto para as capas superiores da classe média associadas ao pacto rentista, nenhum motivo racional para isso. A classe média não ganhou nada e só vai perder com o golpe. Mas ela agiu como se fosse a protagonista do processo.
Segundo Jessé, a única justificativa – ainda que irracional – para o apoio da classe média ao golpe é o ódio aos pobres, que vem desde a escravidão. Ou seja: a classe média se comporta como o capataz dos antigos senhores de engenho agia em relação aos escravos. Uma melhor posição na escala social é também o que mantém, para setores da classe média, uma confortável sensação de privilégios no modelo de extrema desigualdade que impera no Brasil.
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Melhora da imagem de Lula na classe média reflete decepção com o golpe
A jornalista Raquel Faria, do jornal mineiro O Tempo, afirmou que o apoio da população ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem crescendo entre a classe média; “Pesquisadores estão assombrados com a nova façanha de Lula: ele avança na classe média”; afirmação tem base em recentes pesquisas de opinião que apontam para tal fato.
“Pelo menos três institutos nacionais já detectaram queda da rejeição e alta da aceitação ao ex-presidente no eleitorado mais instruído. No Ipsos, único a divulgar dados, a aprovação ao petista já chega a 35% na classe AB (o índice era de 14% há seis meses) e a 42% nos estratos com ensino superior (26% antes)”.
26 de Dezembro de 2017 às 18:33
Rede Brasil Atual – A jornalista Raquel Faria, do jornal mineiro O Tempo, afirmou no domingo (24) que o apoio da população ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem crescendo entre a classe média. “Pesquisadores estão assombrados com a nova façanha de Lula: ele avança na classe média.” A afirmação tem base em recentes pesquisas de opinião que apontam para tal fato.
“Pelo menos três institutos nacionais já detectaram queda da rejeição e alta da aceitação ao ex-presidente no eleitorado mais instruído. No Ipsos, único a divulgar dados, a aprovação ao petista já chega a 35% na classe AB (o índice era de 14% há seis meses) e a 42% nos estratos com ensino superior (26% antes)”, completa. De fato, de acordo com a mais recente pesquisa, do Ipsos, a rejeição de Lula chegou ao menor patamar desde 2015.
Lula ostenta uma aprovação de 40% e uma rejeição de 59%. Pode parecer grande a desaprovação, entretanto, com o desgaste da política nacional, o ex-presidente é, entre os nomes da política, o menos rejeitado. O pré-candidato à presidência pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, possui uma rejeição de 75% e aprovação de 13%. Já o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que está em segundo lugar nas pesquisas de intenções de voto, é rejeitado por 63% da população e apoiado por 19%.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também comentou os recentes dados. “Lula é o candidato com a menor rejeição, mesmo com toda essa pancadaria em cima dele. Isso é a demonstração de que o plano do golpe fracassou. Eles queriam afastar a Dilma e achavam que iam desmoralizar o Lula com a Globo e o juiz Sergio Moro, dia a dia, em uma perseguição implacável”, disse.
Outro dado importante da pesquisa é a crescente desaprovação do juiz federal de primeira instância de Curitiba, responsável pelas ações da Operação Lava Jato, Sergio Moro. O juiz atingiu sua maior impopularidade, com 45% de rejeição, frente a 48% de aprovação. “Metade da população vê a perseguição sobre o ex-presidente e alega parcialidade nas decisões do juiz. Lula segue favorito candidato na corrida eleitoral”, disse a presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (RS).
Lindbergh afirma estar “impressionado com os números”. “Já viramos muito o jogo, isso significa que existe essa mudança porque estamos resistindo e as pessoas começaram a perceber que o golpe foi para tirar direitos dos trabalhadores. Então, pensam que na época do Lula era diferente, tínhamos empregos e melhores salários. Esses resultados mostram que o campo popular da esquerda tem força. Mostram que Lula é o maior líder popular do Brasil. Mas isso tem que animar a gente para irmos com mais forças para as ruas.”
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Haddad: concentração da mídia aqui é absurda
O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, avalia que o Brasil tem um dos piores ambientes de comunicação do mundo, com uma concentração de mídia absurda, que se cruza com a política, “isso não tem como funcionar”, diz ele. segundo ele, a alta concentração cria um ambiente de “monocultura” no campo das ideias; “assim como a monocultura não faz bem para a terra e para o meio ambiente, o mesmo acontece na política”; segundo ele, é necessário estimular a diversidade para que a sociedade possa criar seus consensos dentro de uma democracia plena, sem imposições de ideias; confira
26 de Dezembro de 2017 às 09:22
247 – Na entrevista exclusiva que concedeu à TV 247, o ex-prefeito Fernando Haddad abordou o tema da comunicação e disse que o Brasil tem hoje um dos piores ambientes do mundo, em que há uma forte concentração midiática, que se cruza com interesses políticos.
– Saiu um estudo recente do Repórteres sem Fronteiras que mostra que a concentração da mídia é absurda no Brasil, com cruzamento com a política. Isso não pode funcionar. Nós vivemos um regime de monocultura. Ela não faz bem para o meio ambiente e também faz mal para o meio ambiente político.
Haddad afirma que essa situação é tremendamente prejudicial para a democracia brasileira.
– A democracia se faz por construção, não por imposição. Nós temos medo de construir maiorias coletivamente. Isso é a democracia. Na construção coletiva, a minoria tem seu papel e não pode ser esmagada. O respeito à minoria nasce da cultura democrática e do respeito à diversidade. A minoria pode ser minoria hoje, talvez não amanhã.
Em vídeo, Haddad também apoiou a campanha de assinaturas solidárias do 247.
Inscreva-se na TV 247 e confira um trecho da entrevista de Fernando Haddad: