No governo FHC era só uma “propininha” na Petrobras, indica Folha de S. Paulo
Jornal GGN – Lava Jato vai deixando 2017 sem que nenhum jornal da grande mídia tenha coragem de expor a blindagem que a força-tarefa de Curitiba, especialmente, impôs ao tucanato e seus aliados. Prova disso é a reportagem da Folha desta quarta (27) sobre um acordo do Keppel Fels com autoridades dos EUA, Cingapura e Brasil, no qual o estaleiro admitiu que pagou propina a executivos da Petrobras ainda no governo FHC, mas sem detalhes.
Folha aproveitou os primeiros parágrafos (os mais importantes, dentro das regras do jornalismo) não para dizer que esta não é a primeira vez que há denúncias de “suborno” no governo tucano sem notícia de investigação, nem para problematizar o fato de que, mais uma vez, não houve interesse em aprofundar as acusações no acordo. Não. O jornal se preocupou em fazer uma distinção entre quem roubou mais e quem roubou menos, frisando que o pixuleco sob FHC era um trocado, uma mixaria, propininha, valor muito inferior ao que o estaleiro afirma ter pago durante os governos do PT.
Para fixar bem na memória do leitor, Folha fez esta anotação não uma, mas duas vezes:
Depois de fazer essa observação, Folha seguiu preenchendo a reportagem com as denúncias do estaleiro ao PT. A propina à legenda de Lula totaliza R$ 186 milhões em valores atualizados, referentes a inúmeros contratos firmados ao longo de quase 10 anos, contra irrisórios R$ 994 mil na gestão FHC, montante equivalente a 0,03% do valor da obra da plataforma P-48.
Folha explica na mesma reportagem porque dá destaque à propina ao PT, e não à revelação de que o governo FHC também assistiu à corrupção envolvendo a Petrobras e o Keppel Fels. O motivo é muito simples: “Há mais detalhes sobre os pagamentos para o PT do que para o PSDB porque a documentação de 2001 e 2002 não cita nomes.”
Nenhuma linha, contudo, explica porque a Lava Jato não buscou detalhes dos relatos do estaleiro contra a gestão FHC. A reportagem, aliás, insinua que o Departamento de Justiça dos EUA teria mais informações sobre o que ocorreu no governo do tucano do que as autoridades brasileiras.
Embora só tenha deixado para informar na metade final do texto, Folha, ao menos, não teve a audácia de esconder que “não é a primeira vez que delatores falam em propina na Petrobras durante o governo FHC.”
E listou alguns dos casos que vieram à tona:
– Propina a Pedro Barusco em 1997 ou 1998 da multinacional holandesa SBM.
– Propina, segundo Nestor Cerveró, de US$ 100 milhões para o governo FHC.
– Propina de até US$ 700 mil entre 1999 e 2001, pela compra de turbinas para usinas termoelétricas da Alstom/GE e da NRG.
– Propina a Delcídio do Amaral, por contratos envolvendo termelétricas que somam US$ 500 milhões.
Segundo Folha, os “casos da SBM e das termoelétricas estão sob investigação da Polícia Federal e da força-tarefa da Lava Jato.”
Não se sabe em que pé estão.
Cerveró, contudo, disse mais em sua delação: que além da corrupção na Petrobras ter raízes na gestão FHC, por causa da crise energética, também afirmou que o filho do então presidente tucano teve empresa contratada pela Petrobras sem nenhum know how para executar uma obra de termelétrica.
Na reportagem sobre o estaleiro, Folha diz que FHC “não fez nada [sobre as suspeitas de corrupção] porque queria aprovar uma nova lei do petróleo.”
A delação sobre o que ocorria no governo FHC tem pelo menos 1 vídeo de 2 horas: