Globo faz campanha contra Favreto e silencia sobre ilegalidades de Moro, que já foi alvo de pelo menos 14 reclamações apontando irregularidades praticadas pelo juíz
Reportagem do jornalista Matheus Leitão, do G1, diz que o desembargador do TRF-4 Rogério Favreto, que determinou a soltura de Lula no último domingo 8, já respondeu no CNJ por “insinuar” críticas à Lava Jato, e que “acumula, em sua carreira, 10 reclamações disciplinares”; Moro coleciona ainda mais reclamações no órgão por irregularidades na Lava Jato, e teve todas arquivadas.
10 de Julho de 2018 às 16:41
247 – A Globo tem destacado pedidos de ação contra o desembargador do TRF-4 Rogério Favreto, que determinou a soltura de Lula no último domingo 8. Reportagem do jornalista Matheus Leitão, do G1, diz que Favreto já respondeu no CNJ por “insinuar” críticas à Lava Jato, e que “acumula, em sua carreira, 10 reclamações disciplinares”.
O texto não cita, no entanto, que Sergio Moro, da 13ª Vara de Curitiba, já foi alvo de pelo menos 14 reclamações apontando irregularidades na Lava Jato, como a divulgação de grampos da presidente da República, Dilma Rousseff, e do ex-presidente Lula. Moro foi blindado em todas elas.
No episódio deste domingo 8, Moro, de férias em Portugal, telefonou para o chefe da Polícia Federal para que não cumprisse a determinação de Favreto pela soltura de Lula. Os absurdos envolvem o juiz de primeira instância estar fora de sua atividade e mesmo assim atuar para manter Lula preso, ordenar que uma ordem não seja cumprida e ainda intervir em um processo que não pertence mais à sua vara. Mas nada disso foi destacado pela Globo.
O corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro João Otávio de Noronha, determinou nesta terça-feira (10) abertura de um procedimento para apurar a conduta do desembargador Rogério Favreto, plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que mandou soltar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (8), e do relator do caso na Corte, João Pedro Gebran Neto, que suspendeu a decisão do colega. O corregedor também determinou procedimento para apurar a conduta do juiz Sérgio Moro no mesmo caso.
Segundo nota divulgada pela corregedoria, os oito questionamentos apresentados no CNJ contra Favreto e os dois contra Moro serão unificados em uma única apuração ampla dos fatos ocorridos no último domingo.
“As oito representações apresentadas até agora ao CNJ, Conselho Nacional de Justiça, contra o Desembargador Rogério Favreto e as duas apresentadas contra o Juiz Sérgio Moro serão sobrestadas e apensadas ao Procedimento determinado pelo Corregedor Nacional, já que se trata de uma apuração mais ampla dos fatos”, diz nota.
Segundo Noronha, os trabalhos serão iniciados “imediatamente” pela Corregedoria.
A decisão do corregedor se refere a um procedimento preliminar. Para que um processo disciplinar seja aberto, é preciso uma decisão do plenário do CNJ. As punições vão de censura a aposentadoria compulsória (perda do cargo, mas manutenção do salário).