247 – Para o jurista, advogado e ex-ministro Eugênio Aragão, a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi feita com base em “uma atuação “alternativista” da Justiça, que não tem nada a ver com o devido processo legal”. Segundo ele a prisão de Lula, que que completa 100 dias nesta segunda-feira (16), foi feita por um Ministério Público, formado por uma classe média antipetista e que “age pelo fígado”.
Em entrevista ao site Os Divergentes, Aragão destaca que , “existe um timing claro do TRF4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região)” para impedir que Lula possa disputar as eleições presidenciais de outubro. “Ele (TRF4) dormitou por 50 dias nos recursos de Lula não foi à toa. As coisas foram todas calculadas para dificultar a participação dele nas eleições. As coisas andaram muito rápidas até sua prisão. O que eles queriam eram prendê-lo rapidamente. Depois disso, o passo mudou, porque não tinham interesse em interferir na inelegibilidade dele. Quando surgiu uma janela para mudar isso na Segunda Turma (do STF), querem decidir a todo custo agora decidir a inelegibilidade dele. Enquanto isso não for decidido, o Lula continua elegível”, diz.
Aragão diz que apesar dos aspectos políticos acerca da prisão de Lula, nem o procurador Deltan Dallagnol e nem Sergio Moro podem ser considerados “militantes”. Eu não vejo militância política forte neles porque essas pessoas são muito superficiais pra isso. Conheço o Dallagnol… são pessoas que não tem certeza ou convicção de nada, a não ser no seu bem estar social. Mas eles fazem parte de uma classe média que, desde o conflito que se estabeleceu no Brasil em torno da destituição da presidente Dilma e do projeto político do PT, tem se estabelecido como uma verdadeira frente com uma bronca quase que visceral com o PT e o Lula. É algo que está dentro de parte de nossa classe média. Essas pessoas não tem proposta política. E, assim, agem muito mais com o fígado do que com a cabeça”. Avalia.
“Hoje é quase um consenso dentro do Ministério Público de que Lula não merece o destino que espera. Esse apoio a Dallagnol e a Moro é muito forte dentro do MP. Os talvez 20% que não concordam com isso não ousam se manifestar, haja visto o que aconteceu agora com (Rogério) Favreto. Essa máquina de fabricar consensos dentro do Ministério Público é brutal. Ela acaba com reputações, acaba com perspectivas de carreiras das pessoas que resolvem confronta-lo. Um consenso imposto a ferro e fogo autoritário dentro do MP que não permite divergências e não admite a ideia de que Lula ou o PT possam voltar ao governo“, afirma.
Leia a íntegra da entrevista em Os Divergentes.