Le Monde: “Brasil desorientado” pode endossar Bolsonaro
“Em um Brasil desorientado, o militar, candidato à eleição presidencial, está pronto para vestir a roupa do chefe. Autoritário, se necessário”, diz o jornal francês Le Monde desta quarta-feira (30); Le Monde lembra que, parlamentar há 27 anos, Bolsonaro era há algum tempo atrás apenas “um insignificante político de Brasília, mais conhecido por suas agressões verbais do que por seu ativismo parlamentar“.
30 de Agosto de 2018 às 15:43
Da RFI – “Em um Brasil desorientado, o militar, candidato à eleição presidencial, está pronto para vestir a roupa do chefe. Autoritário, se necessário“, diz o jornal francês Le Monde desta quarta-feira (30). Para o vespertino, os brasileiros que ainda não conheciam Jair Bolsonaro tiveram uma “visão eloquente do pensamento desta figura da extrema-direita” durante a entrevista do candidato no Jornal Nacional desta terça-feira (28).
Le Monde ressalta que “Bolsonaro pareceu perder a paciência várias vezes, fulminando com olhos vermelhos os jornalistas da Globo, o canal mais visto no país“. Para o diário, irritado com a tentativa de questionar sua postura como um candidato “antissistema”, e por ser lembrado de suas observações homofóbicas ou misóginas, Bolsonaro questionou tudo o que foi dito, atacando jornalistas, e com eles, “toda essa profissão que ele odeia”.
Os brasileiros que não conheciam Jair Bonsonaro (PSL) passaram a conhecê-lo depois da sabatina na Globo, diz Le Monde, que acrescenta: “Aqueles que o conheciam não se supreenderam”. “Um ‘patriota’, disse o principal interessado a seu favor, pronto a defender Deus, a família e falar do golpe militar de 1964 como uma ‘revolução democrática'” lembra a correspondente do jornal em São Paulo, Claire Gatinois.
O vespertino francês lembra que Bolsonaro é creditado com 19% das intenções de voto atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (39%), segundo pesquisa do Datafolha publicada em 22 de agosto. No entanto, sua candidatura se tornaria a favorita das eleições presidenciais, com 22% das intenções de voto, “no caso – muito provável – onde a candidatura de Lula, detido por corrupção, seja invalidada pelo Supremo Tribunal Eleitoral”.
Político “insignificante” de Brasília
Le Monde recupera a história de Jair Bolsonaro, lembrando que, parlamentar há 27 anos, ele era há algum tempo atrás apenas “um insignificante político de Brasília, mais conhecido por suas agressões verbais do que por seu ativismo parlamentar“.
O jornal francês termina a matéria dizendo que, em abril de 2016, durante a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, “ele novamente deixou sua marca, acompanhando seu voto com um elogio ao Coronel Ustra, um dos torturadores da ditadura militar”.
===============================
Associação alemã alerta suas multinacionais: não invistam num Brasil fascista
Uma das principais entidades empresariais da Alemanha, a Associação de Acionistas Éticos da Alemanha, publicou um importante alerta a suas multinacionais: não repitam erros do passado, quando apoiaram a ditadura militar no Brasil, e não invistam em um Brasil fascista; é um recado claro também para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), comandada por Robson Andrade, que minimizou as posições de Jair Bolsonaro…
30 de Agosto de 2018 às 14:41
247 – O crescimento da ameaça fascista no Brasil, representada pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), tem assustado a Europa. Um aviso importante foi dado pela Associação de Acionistas Éticos da Alemanha, uma entidade que cujos membros usam ações de empresas registradas no índice alemão de ações para incentivar as empresas a assumirem posições de direitos humanos e proteção ambiental.
A organização classificou a candidatura de Bolsonaro como “fascista” e está exigindo que as empresas alemãs adotem uma posição mais firme contra a Confederação Nacional da Indústria (CNI) do Brasil, cujo presidente Robson Andrade, tem dado declarações de apoio à candidatura de Bolsonaro.
O alerta foi publicado pela empresa pública de informação alemã Deutsche Welle, uma das maiores da Europa. Em entrevista à DW, Christian Russau, membro do conselho da Associação de Acionistas Éticos da Alemanha alertou para os riscos da candidatura de Jair Bolsonaro.
“É inacreditável: parece que os empresários estão preocupados apenas com negócios e lucros e sem interesse em valores democráticos e respeito pelas minorias. Não se deve tratar levemente a democracia e a ditadura; Ninguém pode fingir que não viu nada e permitir que tais eventos aconteçam. Caso contrário, nos encontraremos de repente em uma era pré-fascista“, afirmou. Russau lembrou que empresas alemãs apoiaram a ditadura militar brasileira e obtiveram altos lucros no período.
A crise da democracia brasileira foi também na Alemanha, mas por conta da perseguição política ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenções de voto, podendo vencer no primeiro, mas está tendo sua campanha censura pela mídia e pela Justiça Eleitoral, e pode ficar impedido de concorrer nas eleições. Nesta quinta-feira, 30, o líder do Partido Social-Democrata alemão (SPD) e ex-presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz visita Lula esteve na sede da Polícia Federal em Curitiba e reforçou os holofotes do mundo sobre a perseguição a Lula.