Intelectuais pedem a Barroso respeito à ONU e valores humanistas no caso Lula
Ex-ministros Bresser-Pereira, Celso Amorim e Paulo Sérgio Pinheiro, juristas e diversos intelectuais, como Maria Vitoria de Mesquita Benevides, Dalmo Dallari, Fábio Konder Comparato entre outros nomes enviam carta ao ministro do STF Luís Roberto Barroso em que pedem atenção aos direitos do ex-presidente Lula e lembram que o magistrado, relator do registro da candidatura do ex-presidente, “já se manifestou em algumas ocasiões sobre a importância de o Estado brasileiro cumprir as decisões exaradas por órgãos internacionais”; leia a íntegra.
30 de Agosto de 2018 às 19:01
247 – Os ex-ministros Bresser-Pereira, Celso Amorim e Paulo Sérgio Pinheiro, juristas e diversos intelectuais, como Maria Vitoria de Mesquita Benevides, enviam carta ao ministro do STF Luís Roberto Barroso em que pedem atenção aos direitos do ex-presidente Lula. Barroso é relator do processo do registro da candidatura de Lula e das ações que pedem sua impugnação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Leia a íntegra:
São Paulo, 30 de agosto de 2018.
Ao Exmo. Ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso.
Prezado Ministro,
Nós, cidadãos brasileiros que sempre participamos da vida pública, temos em comum a preocupação com a democracia, a garantia dos direitos humanos, a legitimidade do Estado e a credibilidade internacional do Brasil.
Vossa Excelência tem professado com vigor valores humanistas. Em seu livro, A Dignidade da Pessoa Humana no Direito Constitucional Contemporâneo, afirma que “a globalização do direito é uma característica essencial do mundo moderno, que promove, no seu atual estágio, a confluência entre Direito Constitucional, Direito Internacional e Direitos Humanos. As instituições nacionais e internacionais procuram estabelecer o enquadramento para a utopia contemporânea: um mundo de democracias, comércio justo e promoção dos direitos humanos”.
Nesse contexto, Vossa Excelência já se manifestou em algumas ocasiões sobre a importância de o Estado brasileiro cumprir as decisões exaradas por órgãos internacionais, advindas de tratados internacionais de direitos humanos recepcionados pelo Brasil.
No julgamento de uma Questão de Ordem em que se discute a legalidade das candidaturas livres no sistema político brasileiro, V. Exa. ressaltou o caráter supralegal do Pacto de San José da Costa Rica. No mesmo sentido, quando foi sabatinado pelo Senado Federal, V. Exa. lembrou que o estágio atual da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é a de que os tratados internacionais têm um nível supralegal; estão acima da lei.
Em 17 de agosto de 2018, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), um “órgão de tratado” (treaty body) do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, acolheu o pedido com caráter de liminar proposto pelo ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por intermédio de seus advogados. No documento do Alto Comissariado de Direitos Humanos que comunica a decisão, ressalta-se que o Comitê requisita ao Estado brasileiro “tomar todas as medidas necessárias” para assegurar o exercício dos direitos políticos do ex-Presidente na qualidade de candidato – o que inclui o acesso à imprensa e aos membros de seu partido – “até que seus recursos diante dos tribunais sejam julgados de forma definitiva em procedimentos judicias justos”.
Confiamos que V. Exa., que tem demonstrado forte compromisso com a democracia e com a justiça, levará em consideração esses valores ao analisar as questões envolvendo a candidatura do ex-Presidente Lula.
Com elevados protestos de estima e respeito, subscrevemo-nos,
Atenciosamente,
Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda, da Administração Federal, e da Ciência e Tecnologia
Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e da Defesa.
Luiz Felipe Alencastro, professor titular da Universidade Sorbonne e da Fundação Getúlio Vargas.
Paulo Sérgio Pinheiro, Presidente da Comissão de Investigação da ONU sobre a Síria e ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos.
Maria Vitoria de Mesquita Benevides, professora titular da USP.
Dalmo Abreu Dallari, professor titular da USP.
Fábio Konder Comparato, professor titular da USP.
Pedro Celestino Pereira, engenheiro.
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TSE desiste de atropelar prazos contra Lula
Tribunal Superior Eleitoral divulgou nesta tarde a pauta da sessão extraordinária do dia seguinte sem qualquer processo ligado à candidatura do ex-presidente Lula; a pauta da sessão do TSE pode ser alterada até 1 hora antes do início previsto para a reunião, mas segundo a agência Reuters, a tendência é que tanto a discussão sobre a participação de Lula na campanha na TV como a definição sobre o registro da candidatura fiquem para a próxima semana.
30 de Agosto de 2018 às 17:45
BRASÍLIA (Reuters) – O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou na tarde desta quinta-feira a pauta da sessão extraordinária do dia seguinte sem qualquer processo ligado à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na pauta, constam processos referentes aos registros de candidatura presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB) e José Maria Eymael (DC).
Havia a expectativa de que essa sessão extraordinária, convocada na quarta-feira pela presidente do TSE, ministra Rosa Weber, pudesse incluir na pauta a discussão sobre a participação de Lula na propaganda no rádio e na TV, conforme uma fonte com conhecimento do assunto relatou à Reuters.
Outra possibilidade, segundo a fonte, era de que a corte também pudesse se debruçar sobre as impugnações ao registro de candidatura do ex-presidente.
A pauta de uma sessão do TSE pode ser alterada até 1 hora antes do início previsto para a reunião —a sessão está marcada para as 14h30 da sexta-feira.
Ainda assim, a tendência é que tanto a discussão sobre a participação de Lula na campanha na TV como a definição sobre o registro da candidatura fiquem para a próxima semana, segundo uma fonte relatou à Reuters.
Internamente, segundo a fonte, houve uma avaliação de que julgar o registro do Lula no dia seguinte ao prazo de apresentação da defesa dele às impugnações, nesta quinta, poderia passar a impressão de pressa.
No máximo, disse a fonte, pode ser que o plenário do TSE julgue na sexta um recurso contra decisão liminar que rejeitou excluir o nome do petista de pesquisas eleitorais.
Líder nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente está preso desde abril cumprindo pena na Polícia Federal em Curitiba após ter sido condenado em segunda instância no processo do tríplex do Guarujá (SP). Por essa condenação, ele deve ter a candidatura barrada com base na Lei da Ficha Limpa.
A propaganda de candidatos a presidente no rádio e na TV começa no sábado e a coligação do petista pediu ao TSE que garanta o direito do ex-presidente de gravar áudios e vídeos para o horário eleitoral. As inserções da propaganda começam já na sexta-feira.