Folha reconhece: Haddad foi prefeito exemplar
Folha de S. Paulo reconhece: Fernando Haddad foi um prefeito exemplar; reportagem sobre o período de Haddad na Prefeitura (2013-2016) admite: ele destacou-se na luta contra a corrupção, teve uma gestão financeira impecável e só não conseguiu concluir um ambicioso programa de obras porque metade de sua gestão (2015-16) foi impactada pelo abalo da economia decorrente crise aberta pela chantagem das elites contra Dilma
23 de Setembro de 2018 às 09:00
247 – Mesmo um dos veículos da mídia conservadora que tem a marca de antipetista radical, a Folha de S. Paulo, foi obrigada a reconhecer: Fernando Haddad foi um prefeito exemplar. Os Frias fizeram nos últimos anos um percurso similar ao do partido com o qual a família sempre teve identidade, o PSDB, da social-democracia para a direita. Mesmo assim, ao fazer uma reportagem sobre o período de Haddad à frente da Prefeitura de São Paulo (2013-2016), o jornal foi obrigado a reconhecer: ele destacou-se na luta contra a corrupção, teve uma gestão financeira impecável e só não conseguiu concluir um ambicioso programa de obras porque metade de sua gestão (2015 e 2016) foi impactada pelo abalo da economia decorrente da irresponsabilidade das elites em sua ação para derrubar Dilma Roussef, que lançou o país numa crise profunda.
O artigo publicado na edição deste domingo (23) atesta que Haddad, para além das ciclovias, que acabaram se destacando como ícone de sua gestão, recuperou as finanças e ele foi um marco na luta contra a corrupção na cidade: “[Haddad deixou] outras marcas além das faixas de ônibus, embora menos midiáticas. Exemplos são a renegociação da dívida, que desafogou as contas da cidade, e a criação da CGM (Controladoria Geral do Município), responsável pela descoberta do maior escândalo de corrupção recente, a máfia do ISS.”
Sim, o jornal admite que Haddad conseguiu recuperar as finanças da cidade depois do período desastroso dos prefeitos de direita José Serra e Gilberto Kassab –o que é curioso, pois a direita e suas mídias, que fazem o discurso do “equilíbrio fiscal” e da “responsabilidade financeira”, são responsáveis por verdadeiros descalabros quando assumem os governos, como o caso paulistano e o de Temer nacionalmente. Ao contrário da esquerda, que sempre coloca “a casa em ordem”, como acontece nos governos do PT em âmbito federal, estadual e municipal.
O reconhecimento de Haddad por seu combate à corrupção é notável e deita por terra todo o discurso da própria Folha e dos demais veículos conservadores associados ao Judiciário e aos partidos de direita segundo o qual o PT seria “uma quadrilha”. A reportagem confirmar o discurso de Haddad desde o início da campanha eleitoral segundo o qual o que importa no combate à corrupção é o fortalecimento das instituições, característica dos governos petista. A direita, ao contrário, tem ao longo da história operado na manipulação das instituições a serviço de seus interesses, como aconteceu nos governos FHC e, em São Paulo, nas gestões de Serra e Kassab.
Ainda que de maneira envergonhada, a reportagem indica que os projetos de obras importantes para a cidade foram afetados pela crise de 2015-2016. “Haddad foi eleito em um cenário de crescimento econômico, com a promessa de revolução urbanística e social”, indica o texto. A reportagem atribui as dificuldades da gestão de Haddad, aos “protestos contra o aumento da tarifa de junho de 2013, o consequente congelamento da passagem e o reajuste do IPTU barrado pela Justiça”. Mas, curiosamente, ignora o principal motivo para elas, a crise econômica aberta com o boicote do ‘mercado’ ao governo Dilma a partir do início de 2015.
Vale a pena ler a reportagem de Artur Rodrigues, aqui.