Filha de Queiroz, também do esquema Bolsonaro, é personal trainer de ‘famosos’
A filha do policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro que funcionava como um “caixa” do clã Bolsonaro, também apareceu no pente fino do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras); Nathalia Queiroz, que foi secretária parlamentar do então deputado Jair Bolsonaro e foi exonerada no mesmo dia que o pai, em 15 de outubro, antes do segundo turno das eleições, é personal trainer de “famosos” e tem atividade intensa na área; a função de secretária parlamentar, no entanto, exige, por lei, 40 horas de dedicação semanal, o que indica que ela era apenas repassadora de recursos para o esquema Bolsonaro.
14 de Dezembro de 2018 às 06:11
247 – A filha do policial militar Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro que funcionava como um “caixa” do clã Bolsonaro, também apareceu no pente fino do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras); Nathalia Queiroz, que foi secretária parlamentar do então deputado Jair Bolsonaro, é personal trainer de “famosos”. Como o pai, ela foi exonerada em 15 de outubro, entre o primeiro e o segundo turno das eleições, ação que é interpretada no universo político como indicação de que a família Bolsonaro foi informada as investigações do Ministério Público e da Polícia Federal.
Reportagem da jornalista Ana Luiza Albuquerque na Folha de S. Paulo dá todas as pistas e indica que Nathalia nunca exerceu a função de secretária parlamentar e provavelmente atuava como mera repassadora dos recursos para o esquema do clã Bolsonaro.
Segundo a lei, a atividade de secretária parlamentar exige dedicação semanal de 40 horas. No entanto, no período em que em tese deveria estar assessorando Jair Bolsonaro, a filha de Queiroz indicava em suas redes sociais uma atividade intensa, ao longo do dias, como personal trainer.
A ligação dela com a família Bolsonaro vem de longo tempo, como a do pai -amigo e prestador de serviços ao clã há mais de 20 anos. No caso de Nathalia, ela, em 2007, aos 18 anos, começou a atuar na vice-liderança do PP, de Flávio, onde ficou até fevereiro de 2011. De agosto do mesmo ano até dezembro de 2016, esteve lotada em seu gabinete e, a seguir, no de Jair Bolsonaro, até 15 de outubro.
O período em que em tese Nathalia deveria atuar como secretária nos gabinetes de Flávio e depois de Jair Bolsonaro é o de maior atividade da personal trainer, conforme os registros em seus perfis nas redes sociais. “As datas das fotos coincidem com o período em que esteve lotada em ambos os gabinetes. Em setembro, Nathalia recebeu uma remuneração bruta de cerca de R$ 10 mil, como secretária parlamentar de Jair Bolsonaro”, informa a jornalista Albuquerque.
No relatório do Coaf, está registrado que Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Segundo o Coaf, as transações são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional” do ex-assessor. No mesmo relatório, o nome de Nathalia aparece ao lado do valor de R$ 84 mil, mas não há detalhes sobre os repasses.
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Ex-secretária parlamentar de Jair Bolsonaro atuava como personal trainer no Rio
Nathalia Queiroz foi citada em relatório do Coaf que indicou movimentações financeiras atípicas de seu pai, ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Até a última semana, os 15 mil seguidores do Instagram da personal trainer Nathalia Queiroz, 29, não deviam imaginar que a professora acumulava um cargo no gabinete do deputado federal e presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL-RJ).
Nathalia aparece em relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que identificou movimentações financeiras atípicas do policial militar Fabrício Queiroz, seu pai e ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Ela foi nomeada secretária parlamentar de Jair Bolsonaro em dezembro de 2016 e exonerada em outubro de 2018, mesmo mês em que seu pai deixou o gabinete de Flávio, na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).
Nathalia também trabalhou como assessora do filho do presidente eleito. Em 2007, aos 18 anos, começou a atuar na vice-liderança do PP, de Flávio, onde ficou até fevereiro de 2011. De agosto do mesmo ano até dezembro de 2016, esteve lotada em seu gabinete.
Residente no Rio de Janeiro, as redes sociais de Nathalia giravam em torno de sua atuação como professora de educação física —nas academias cariocas e na praia. Havia registros, inclusive, de aulas com famosos, como os atores Bruno Gagliasso, Bruna Marquezine e Giovanna Lancellotti.
Em foto com Marquezine, vestindo uniforme com os dizeres “personal trainer”, escreveu: “Treino intenso e ainda termina com esse sorrisão!”.
Em sua biografia no Instagram, Nathalia identificava-se como ariana, carioca, determinada, educadora física e certificada em eletroestimulação (procedimento em que os músculos são contraídos e relaxados por meio de um aparelho).
“Parabéns a todos nós, professores de educação física. Orgulho de ser PROFESSORA!”, escreveu em uma publicação.
As datas das fotos coincidem com o período em que esteve lotada em ambos os gabinetes. Em setembro, Nathalia recebeu uma remuneração bruta de cerca de R$ 10 mil, como secretária parlamentar de Jair Bolsonaro.
Os secretários podem trabalhar em Brasília ou no estado de representação do deputado, contanto que cumpram a carga horária de 40 h semanais. A frequência é atestada pelo próprio parlamentar.
A Folha ligou no último sábado (8) para a ex-assessora para questioná-la sobre o relatório do Coaf, suas atribuições como secretária parlamentar de Bolsonaro e como fazia para conciliá-las com o seu trabalho como educadora física.
A voz feminina do outro lado da linha, no entanto, negou se chamar Nathalia e pediu para que o contato não fosse retomado. A reportagem obteve o número com um ex-aluno da personal trainer e o confirmou em uma academia na qual ela trabalhou como professora.
Antes da ligação, a foto no WhatsApp veiculado a este número era de Nathalia. Logo depois, foi apagada —assim como seu Instagram e Facebook.
No domingo (9), a Folha questionou o presidente eleito sobre a função exercida pela personal trainer em seu gabinete. “Ah, pelo amor de Deus, pergunta para o chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários comigo”, respondeu.
A reportagem ligou diversas vezes para Jorge Oliveira, que chefiava o gabinete no período em que Nathalia era funcionária de Jair Bolsonaro, mas não obteve resposta.
Entenda o caso
O relatório identificou que Fabrício Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. Segundo o Coaf, as transações são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional” do ex-assessor.
Entre as movimentações registradas, está um cheque de R$ 24 mil para Michelle Bolsonaro, futura primeira-dama. O nome de Nathalia, filha do ex-servidor, aparece no documento ao lado do valor de R$ 84 mil, mas não há detalhes sobre estes repasses.
Em 2016, Queiroz fez 176 saques em espécie. O policial chegou a realizar cinco saques no mesmo dia, somando mais de R$ 18 mil. No total, as retiradas chegaram a mais de R$ 300 mil.
Além disso, os saques ocorriam após depósitos de valor similar. Oito funcionários ou ex-funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro realizaram repasses para Queiroz.
O PT pediu abertura de inquérito contra Flávio e Michelle Bolsonaro. O partido também pretende incluir na representação o nome de familiares do ex-assessor, como Nathalia.
No último sábado (8), Jair Bolsonaro afirmou que o volume de saques é um indício a ser analisado pela Justiça. Também reforçou explicação anterior de que o cheque de R$ 24 mil destinado à sua mulher refere-se ao pagamento de uma dívida. Segundo ele, a conta de Michelle foi utilizada porque anda “atarefado” para ir ao banco.
Nesta quarta (12), afirmou em transmissão ao vivo que, se algo estiver errado, a conta deve ser paga. Negou, no entanto, que ele ou o filho sejam investigados.
A Folha foi até a casa de Queiroz, em uma vila na Taquara, zona oeste do Rio, mas ninguém respondeu às batidas na porta. No muro, havia um adesivo rasgado do presidente eleito ao lado de seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro.