Procuradores de Curitiba teriam pedido para delator citar Toffoli
Menção a Toffoli seria uma maneira da Lava Jato criar constrangimento para o Supremo e fazer a Corte recuar de julgamentos que desagradam o Ministério Público, como a revisão da prisão a partir de condenação em segunda instância.
Jornal GGN – O jornalista Severino Motta publicou no BuzzFeed News uma reportagem especial informando que a defesa de Marcelo Odebrecht fez chegar a ministros do Supremo Tribunal Federal a informação de que o nome de Dias Toffoli foi incluído em delação premiada a pedido dos procuradores da Lava Jato em Curitiba.
Segundo a matéria, “ministros ouvidos pelo BuzzFeed News” souberam que “houve pressão de procuradores para que ele [Marcelo Odebrecht] apresentasse o nome de Toffoli em sua delação – mesmo sem envolvê-lo em crime.”
De acordo com a apuração, a menção a Toffoli seria uma maneira da Lava Jato criar constrangimento para o Supremo e fazer a Corte recuar de julgamentos que desagradam o Ministério Público, como a revisão da prisão a partir de condenação em segunda instância.
Os ministros ainda disseram que a postura da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, reforça ainda mais as suspeitas sobre os procuradores de Curitiba. Dodge tentou trancar, por conta própria, o inquérito instaurado pelo STF a pedido de Toffoli para apurar ataques e disseminação de fake news contra membros da Corte. Sob relatoria de Alexandre de Moraes, a investigação também incluiria a reportagem de Crusoé que cita a delação de Odebrecht sobre Toffoli.
Ministros disseram ao BuzzFeed “que o pedido de Dodge tem como pano de fundo o temor de que a suposta pressão para Odebrecht citar o nome de Toffoli e a posterior entrega do material à Crusoé poderia levar à responsabilização – ou, nas palavras de um ministro, a até mesmo à prisão – de procuradores da Lava Jato em Curitiba, no âmbito do inquérito que investiga fake news e ofensas ao STF.”
Em nota, os procuradores de Curitiba negaram participação na delação de Marcelo Odebrecht que cita Toffoli. “Os procuradores da República que compõem a força-tarefa Lava Jato em Curitiba negam peremptoriamente ter tratado desse assunto com o sr. Marcelo Odebrecht ou com seus advogados, sendo que o conhecimento sobre a manifestação do colaborador ocorreu posteriormente à publicação da matéria.”
A delação, contudo, foi anexada em processo que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba. Na quarta (17), o Juízo removeu o trecho que cita Toffoli do inquérito em primeira instância e enviou para a Procuradoria Geral da República.
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