Em uma semana de governo, Trump cria “sensação de caos” nos EUA, diz Le Figaro
Os jornais franceses desta sexta-feira (27) analisam os primeiros passos de Donald Trump, uma semana após assumir a presidência dos Estados Unidos. O bilionário assumiu a função na semana passada.
Em matéria de capa, o jornal Le Figaro escreve que o presidente americano não perde tempo e, desde sua chegada à Casa Branca, assinou doze polêmicos decretos, gerando fortes tensões no país. Como prometido – escreve o diário – Trump começou sua reforma nas áreas da saúde, imigração, comércio, energia, justiça e na administração. Apesar da “sensação de caos” assinalada por Le Figaro, o presidente americano parece, até agora, pouco se importar com as polêmicas que vem causando, na obsessão de mostrar que luta pelo que acredita ser o interesse dos americanos e não abre mão de cumprir suas promessas.
Segundo o jornal, para o presidente, “o tempo de agir”, prometido em seu discurso de posse, significa “um movimento cotidiano”, seja assinando decretos, tuitando ou se reunindo com líderes, a exemplo do encontro desta sexta-feira com a primeira-ministra britânica Theresa May. Em seis dias, contabiliza Le Figaro, Trump atacou o Obamacare, retirou os Estados Unidos do tratado de livre comércio transpacífico, cortou fundos federais a Ongs que apoiam o aborto, relançou controversos projetos de oleodutos e assinou o polêmico decreto para dar partida à construção do muro entre os Estados Unidos e o México. A última decisão irritou o presidente mexicano, Henrique Peña Nieto, que reagiu anunciando ontem o cancelamento de uma visita que estava prevista para ser realizada em Washington na próxima terça-feira (31).
Encontro de Trump com May desagrada líderes europeus
Já Les Echos se concentra na visita de Theresa May à Casa Branca, um encontro que desagrada os líderes europeus, considera o diário econômico. “Donald Trump apoia o Brexit e quer fazer desta visita o símbolo de sua visão da diplomacia econômica”, publica o jornal, reiterando que essa é uma maneira do presidente americano mostrar aos países europeus que ele pode tecer sozinho fortes alianças. Mas, segundo Les Echos, a negociação de acordos comerciais entre o Reino Unido e os Estados Unidos deve ser longa e complicada, por razões jurídicas e porque cada um vai querer defender os interesses de seu próprio país.
O jornal Libération também analisa as consequências das medidas, especialmente as comerciais, defendidas pelo bilionário. Defendendo o isolacionismo econômico, Trump viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e se mostra pronto para iniciar uma guerra comercial contra o resto do planeta para que seus interesses prevaleçam.
Por enquanto, escreve Libé, baseando-se em um protecionismo econômico que data dos anos 1920-1930, Trump surfa nessa onda de desconfiança da opinião pública americana e mundial. Mas, o jornal ressalta: “o mundo mudou nos últimos anos: os Estados Unidos não são mais a única superpotência do planeta”. China, Oceania e América Latina evoluíram nos planos comerciais, econômicos, políticos e monetários, enfatiza o diário. “O século 21 não será apenas branco e ocidental e será menos ainda americano”, adverte.