Roberto Freire, o micróbio contra o gigante
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Roberto Freire é duplamente intruso. Primeiro, como Ministro da Cultura de um governo ilegítimo. Segundo, como porta-voz oficial em um evento de cultura, um político tosco entrando em águas que nunca frequentou..
Certa vez, o Jornalismo Wando – perfil gozador do Twitter – mandou uma saudação a Roberto Freire:
A incapacidade de entender, nem se diga a ironia, mas a gozação escarrada, sempre foi uma característica de Freire, o Roberto.
Seu estilo sempre foi o do jagunço político, do qual seu guru José Serra é o líder inconteste. É o político incapaz de qualquer pensamento mais elaborado. Em qualquer discussão, só consegue digladiar criando a figura hipotética do “inimigo”, de maneira a desqualificar antecipadamente o oponente, sabendo que não terá nível para rebater argumentos de quem quer que seja.
É o primarismo político, a força cega, a política da República Velha, o ranço vingador de Exu, do sertão pernambucano, na antessala da civilização. Dia desses, um conhecido explicava a virulência de políticos a jornalistas pernambucanos como uma característica cultural. Duvide-o-dó. É característica de quem jamais conseguiu se destacar pela inteligência dos argumentos. Acomete Serra da Mooca e Freire de Pernambuco, Aloysio de São José do Rio Preto e Anibal do Amapá.
Dentro todos, nenhum se iguala no primarismo a Roberto Freire. Os demais são capazes de intercalar truculências desmedidas com alguma forma de raciocínio elaborado. Freire é esgoto permanente.
O escritor Raduan Nasser exprimiu sua opinião com propriedade. Nem que tivesse cometido impropriedades. Assim como outros ícones da cultura brasileiro, como Suassuna, o próprio Freire, o Gilberto, Raduan está acima do bem e do mal.
No entanto, despertou a petulância de um pigmeu intelectual como Freire, que rebateu com o único bordão de que se vale nas suas pendengas: é coisa do petismo. Reduziu a obra referencial de Raduan a um mote, o petismo. É esse o truque. Em qualquer discussão, invoque o único argumento para o qual você conseguiu desenvolver respostas. E o único referencial intelectual de Freire, o Roberto, é o antipetismo.
Pessoas, como ele, que só conseguiram um tubo de oxigênio político através do golpe, tornaram-se especialistas em invocar seu passado político para se comprovar democrata. Freire passou em branco pela ditadura, mas não incólume: herdou daqueles tempos, a truculência desmedida e o ranço de se considerar o dono do Estado, a ponto de cobrar de Raduan a devolução de um prêmio, como se fosse uma doação da camarilha de Temer.
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As palmadas morais de Raduan Nassar no lugar onde Roberto Freire guarda seu intelecto. Por Kiko Nogueira
Na cerimônia, realizada em São Paulo, o autor de “Lavoura Arcaica” fez o que se espera de um intelectual corajoso: denunciou o golpe.
O ministro da Cultura, Roberto Freire, ainda tentou uma pegadinha. Escalou Nassar para abrir os trabalhos, prevendo que viria chumbo, de modo a ele ficar por último. Batata (leia o pronunciamento abaixo).
O vexame foi inevitável. Freire, descontrolado em sua soberba e ignorância, mais um “notável” num governo vagabundo, sem qualquer legitimidade para o cargo, foi vaiado pela plateia, com quem bateu boca.
O melhor que conseguiu foi sugerir que Raduan não deveria aceitar o prêmio de 100 mil euros por ser um “adversário” — como se ele outorgasse a premiação, e não um júri de Brasil e Portugal — e que não estamos em uma “ditadura”.
Ouviu do professor Augusto Massi: “Acho que você não está à altura do evento”. Obviamente que não está. Resta-lhe procurar consolo em José Serra, que o inventou, enquanto não cai — se Serra não tiver mais o que fazer.
Eis o discurso de Raduan Nassar na íntegra:
Tive dificuldade para entender o Prêmio Camões, ainda que concedido pelo voto unânime do júri. De todo modo, uma honraria a um brasileiro ter sido contemplado no berço de nossa língua.
Estive em Portugal em 1976, fascinado pelo país, resplandecente desde a Revolução dos Cravos no ano anterior. Além de amigos portugueses, fui sempre carinhosamente acolhido pela imprensa, escritores e meios acadêmicos lusitanos.
Portanto, Sr.Embaixador, muito obrigado a Portugal.
Infelizmente, nada é tão azul no nosso Brasil.
Vivemos tempos sombrios, muito sombrios: invasão na sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo; invasão na Escola Nacional Florestan Fernandes; invasão nas escolas de ensino médio em muitos estados; a prisão de Guilherme Boulos, membro da Coordenação do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto; violência contra a oposição democrática ao manifestar-se na rua. Episódios todos perpetrados por Alexandre de Moraes.
Com curriculum mais amplo de truculência, Moraes propiciou também, por omissão, as tragédias nos presídios de Manaus e Roraima. Prima inclusive por uma incontinência verbal assustadora, de um partidarismo exacerbado, há vídeo, atestando a virulência da sua fala. E é esta figura exótica a indicada agora para o Supremo Tribunal Federal.
Os fatos mencionados configuram por extensão todo um governo repressor: contra o trabalhador, contra aposentadorias criteriosas, contra universidades federais de ensino gratuito, contra a diplomacia ativa e altiva de Celso Amorim. Governo atrelado por sinal ao neoliberalismo com sua escandalosa concentração da riqueza, o que vem desgraçando os pobres do mundo inteiro.
Mesmo de exceção, o governo que está aí foi posto, e continua amparado pelo Ministério Público e, de resto, pelo Supremo Tribunal Federal.
Prova da sustentação do governo em exercício aconteceu há três dias, quando o ministro Celso de Mello, com suas intervenções enfadonhas, acolheu o pleito de Moreira Franco. Citado 34 vezes numa única delação, o ministro Celso de Mello garantiu, com foro privilegiado, a blindagem ao alcunhado “Angorá”. E acrescentou um elogio superlativo a um de seus pares, o ministro Gilmar Mendes, por ter barrado Lula para a Casa Civil, no governo Dilma. Dois pesos e duas medidas.
É esse o Supremo que temos, ressalvadas poucas exceções. Coerente com seu passado à época do regime militar, o mesmo Supremo propiciou a reversão da nossa democracia: não impediu que Eduardo Cunha, então presidente da Câmara dos Deputados e réu na Corte, instaurasse o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Íntegra, eleita pelo voto popular, Dilma foi afastada definitivamente no Senado.
O golpe estava consumado!
Não há como ficar calado.
Obrigado
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