Começam a valer nesta segunda novas regras para o crédito rotativo
Modalidade poderá ser usada por no máximo 30 dias, depois banco terá que oferecer outra opção
A partir desta segunda-feira (3), o consumidor que optar pelo parcelamento da fatura do cartão de crédito só poderá usar o rotativo por no máximo 30 dias. Depois disso, o banco será obrigado a oferecer uma outra linha de crédito, com juros mais baixos. O Banco Central implementou a medida para forçar as instituições a reduzirem as taxas e, assim, o endividamento dos consumidores. E já teve resultado. As agências bancárias, que fecharam 2016 praticando em média 15,85% nessa modalidade, anunciaram que a partir de agora vão cobrar até 9,99%.
Na prática, os consumidores não poderão mais pagar apenas parte do valor da fatura mensal do seu cartão de crédito. Após 30 dias no rotativo, terão de fazer o pagamento integral ou parcelar a dívida em parcelas fixas e juros mais baixos. As regras foram definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro e fazem parte da agenda de reformas microeconômicas do governo de Michel Temer.
No Banco do Brasil, as novas taxas variam de 1,92% a 9,79% ao mês para o rotativo e 1,91% a 9,38% para o parcelado. O parcelamento da fatura será feito em até 24 meses. No Bradesco, os clientes poderão parcelar a fatura depois de efetuarem o pagamento de 15% do saldo, em no máximo 12 vezes. O banco espera que os clientes que utilizam o rotativo passem a pagar, de imediato, 33% menos que no modelo anterior.
O Itaú-Unibanco também reduziu a taxa do rotativo, em média em quatro pontos percentuais e vai parcelar as faturas em até 24 parcelas fixas. Clientes que utilizarem o rotativo com histórico de pontualidade terão juros de 1,99% a 9,9% ao mês. O Santander vai parcelar o saldo do rotativo de quatro a 18 vezes, com juros de 2,99% a 9,99% ao mês, conforme o perfil e as necessidades financeiras do cliente. Na Caixa Econômica Federal, as taxas incidentes nas opções de parcelamento variam de 3,3% ao mês a 9,9% ao mês, e o parcelamento será feito entre quatro e 24 meses.
Redução. Consideradas as mais elevadas do sistema financeiro nacional, as taxas cobradas no crédito rotativo deram uma trégua em fevereiro e reduziram-se em 5,2 pontos percentuais na comparação com janeiro, para 481,5% ao ano, conforme dados divulgados na semana passada pelo Banco Central. No entanto, no crédito parcelado, opção menos onerosa para o financiamento da fatura a partir deste mês, o juro foi na contramão e subiu, segundo o regulador, 1,6 ponto porcentual de janeiro para fevereiro, avançando de 161,9% ao ano para 163,5% ao ano.
A expectativa do governo e do setor de cartões é que, com as novas regras, os juros cobrados aos consumidores caiam pela metade, contribuindo, no futuro, para a redução da inadimplência.
Do lado dos bancos, a mudança deve pesar em termos de margem em um primeiro momento. No entanto, executivos acreditam que, à medida que reduza a inadimplência, o impacto para o sistema tende a ser minimizado, concedendo uma nova dinâmica entre receitas e perdas do setor. (Com agências)
Peso. Ao final de dezembro, o rotativo totalizava R$ 38 bilhões, respondendo por 2,4% da carteira de crédito à pessoa física, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Essa fatia, porém, diminuiu nos últimos anos. Em dezembro de 2008 ela chegou a 3,4%.
Expectativa
Anefac. O diretor econômico da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, diz que o impacto das medidas sobre os juros só será conhecido nos próximos meses.
Elásticas. Muitos bancos fixaram taxas elásticas, de 1,99% a 9,99% ao mês, dependendo da instituição e do histórico do cliente. E os juros do cartão só deverão sofrer influência das novas regras a partir de maio. “Com o limite de 30 dias para o rotativo, o consumidor que não pagar a fatura de março vai cair no rotativo em abril e só passará para o crédito parcelado em maio”, disse.
Previsão é de negócios de R$ 1,22 trilhão
SÃO PAULO. Em 2016, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o volume de transações com cartões de crédito e débito em todo o país atingiu o montante de R$ 1,14 trilhão, valor 6,3% superior ao registrado em 2015.
A modalidade crédito respondeu por mais de R$ 703 bilhões, aumento de 4%, na mesma base de comparação. A expectativa da Abecs é que em 2017 o total de transações alcance R$ 1,22 trilhão, acelerando a taxa de crescimento para 6,5% em relação a 2016, sendo R$ 740 bilhões nos cartões de crédito e R$ 480 bilhões no débito.
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