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Cartão de crédito: bancos terão que oferecer juros menores para dívidas do cartão restante do pagamento mínimo da fatura, contados 30 dias a partir da fatura deste mês.

Começam a valer nesta segunda novas regras para o crédito rotativo

Modalidade poderá ser usada por no máximo 30 dias, depois banco terá que oferecer outra opção

Custo. Mesmo com as mudanças, juros do cartão ainda serão terceira linha de crédito mais cara do mercado
PUBLICADO EM 03/04/17 – 03h00

A partir desta segunda-feira (3), o consumidor que optar pelo parcelamento da fatura do cartão de crédito só poderá usar o rotativo por no máximo 30 dias. Depois disso, o banco será obrigado a oferecer uma outra linha de crédito, com juros mais baixos. O Banco Central implementou a medida para forçar as instituições a reduzirem as taxas e, assim, o endividamento dos consumidores. E já teve resultado. As agências bancárias, que fecharam 2016 praticando em média 15,85% nessa modalidade, anunciaram que a partir de agora vão cobrar até 9,99%.

Na prática, os consumidores não poderão mais pagar apenas parte do valor da fatura mensal do seu cartão de crédito. Após 30 dias no rotativo, terão de fazer o pagamento integral ou parcelar a dívida em parcelas fixas e juros mais baixos. As regras foram definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em janeiro e fazem parte da agenda de reformas microeconômicas do governo de Michel Temer.

No Banco do Brasil, as novas taxas variam de 1,92% a 9,79% ao mês para o rotativo e 1,91% a 9,38% para o parcelado. O parcelamento da fatura será feito em até 24 meses. No Bradesco, os clientes poderão parcelar a fatura depois de efetuarem o pagamento de 15% do saldo, em no máximo 12 vezes. O banco espera que os clientes que utilizam o rotativo passem a pagar, de imediato, 33% menos que no modelo anterior.

O Itaú-Unibanco também reduziu a taxa do rotativo, em média em quatro pontos percentuais e vai parcelar as faturas em até 24 parcelas fixas. Clientes que utilizarem o rotativo com histórico de pontualidade terão juros de 1,99% a 9,9% ao mês. O Santander vai parcelar o saldo do rotativo de quatro a 18 vezes, com juros de 2,99% a 9,99% ao mês, conforme o perfil e as necessidades financeiras do cliente. Na Caixa Econômica Federal, as taxas incidentes nas opções de parcelamento variam de 3,3% ao mês a 9,9% ao mês, e o parcelamento será feito entre quatro e 24 meses.

Redução. Consideradas as mais elevadas do sistema financeiro nacional, as taxas cobradas no crédito rotativo deram uma trégua em fevereiro e reduziram-se em 5,2 pontos percentuais na comparação com janeiro, para 481,5% ao ano, conforme dados divulgados na semana passada pelo Banco Central. No entanto, no crédito parcelado, opção menos onerosa para o financiamento da fatura a partir deste mês, o juro foi na contramão e subiu, segundo o regulador, 1,6 ponto porcentual de janeiro para fevereiro, avançando de 161,9% ao ano para 163,5% ao ano.

A expectativa do governo e do setor de cartões é que, com as novas regras, os juros cobrados aos consumidores caiam pela metade, contribuindo, no futuro, para a redução da inadimplência.

Do lado dos bancos, a mudança deve pesar em termos de margem em um primeiro momento. No entanto, executivos acreditam que, à medida que reduza a inadimplência, o impacto para o sistema tende a ser minimizado, concedendo uma nova dinâmica entre receitas e perdas do setor. (Com agências)

Peso. Ao final de dezembro, o rotativo totalizava R$ 38 bilhões, respondendo por 2,4% da carteira de crédito à pessoa física, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Essa fatia, porém, diminuiu nos últimos anos. Em dezembro de 2008 ela chegou a 3,4%.

Expectativa

Anefac. O diretor econômico da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel de Oliveira, diz que o impacto das medidas sobre os juros só será conhecido nos próximos meses.

Elásticas. Muitos bancos fixaram taxas elásticas, de 1,99% a 9,99% ao mês, dependendo da instituição e do histórico do cliente. E os juros do cartão só deverão sofrer influência das novas regras a partir de maio. “Com o limite de 30 dias para o rotativo, o consumidor que não pagar a fatura de março vai cair no rotativo em abril e só passará para o crédito parcelado em maio”, disse.

Previsão é de negócios de R$ 1,22 trilhão

SÃO PAULO. Em 2016, de acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), o volume de transações com cartões de crédito e débito em todo o país atingiu o montante de R$ 1,14 trilhão, valor 6,3% superior ao registrado em 2015.

A modalidade crédito respondeu por mais de R$ 703 bilhões, aumento de 4%, na mesma base de comparação. A expectativa da Abecs é que em 2017 o total de transações alcance R$ 1,22 trilhão, acelerando a taxa de crescimento para 6,5% em relação a 2016, sendo R$ 740 bilhões nos cartões de crédito e R$ 480 bilhões no débito.

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