Participantes seriam obrigados a se drogar em jogo do suicídio
Mulher de 29 anos detalhou a O TEMPO desafio, que abandonou após ordem para se mutilar
PUBLICADO EM 19/04/17 – 03h00
O uso de drogas pode explicar a mudança de comportamento dos participantes do Desafio da Baleia Azul, segundo uma pessoa que chegou a cumprir algumas tarefas, mas desistiu do jogo antes de ter que se mutilar. Uma dona de casa de 29 anos, moradora de Pedregulho, em São Paulo, detalhou para a reportagem de O TEMPO as tarefas que chegou a fazer, como ouvir músicas depressivas de madrugada, e garantiu que muitos desses desafios são cumpridos após o consumo de drogas.
“O jogo, por si só, dá uma adrenalina a cada desafio que você cumpre. Mas eles falam para usar drogas, cheirar cocaína, e como o jovem não tem discernimento, acaba fazendo uma besteira”, disse.
Ela só foi aceita no quinto grupo que procurou e informou dados falsos para entrar. A dona de casa acabou abandonando o desafio no início do mês, após receber o comando de desenhar uma baleia no braço usando um compasso escolar. “Nessa hora, fiquei assustada e puxei o computador da tomada. Até agora não me procuraram”, contou.
Na avaliação da participante, o desafio tem doses de sadismo. “É muito bizarro. Os administradores gostam de ver os outros morrendo”, afirmou.
Investigação. A informação de que o desafio induz ao uso de drogas poderá se tornar mais uma peça na apuração de mortes que podem ter sido provocadas pelo jogo. Nessa terça-feira (18), o delegado Rodolfo Rabelo Alves, que investiga a morte do estudante Alexandre Assis Ramos dos Reis, 16, encontrado enforcado domingo no bairro Ribeiro de Abreu, no Nordeste da capital, informou que as investigações ainda estão em uma etapa preliminar. “O pai do rapaz trouxe o telefone para a gente ontem, já começamos a periciá-lo”, disse.
Segundo o policial, familiares relataram que o rapaz tinha depressão, mas que não queria tratar-se, e que estaria ferindo-se. “Vamos pedir as fotos do Instituto Médico-Legal para comprovar, inclusive, se há o corte que ele teria feito no formato da baleia”, disse.
Na Escola Estadual Bolivar Tinoco Mineiro, também no Ribeiro de Abreu, onde o rapaz estudava, o clima nessa terça-feira era de consternação. “Estamos todos muito chateados. Ele era educado, respeitoso, não dava problema algum”, explicou a diretora, Cleusa Linhares. Ela afirmou que iniciará, na semana que vem, discussões sobre o uso das redes sociais e que vem reforçado a necessidade do diálogo. “Fui a todas as salas hoje (essa terça, 18) pedir para que os jovens se abram com os pais. Estamos fazendo um trabalho de conscientização”, disse.
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